
Você, na varanda
Uma ruazinha em que poucos anda
Aproximo-me com perna manca
Eu, mancha na lavanda
Sem esforço, um sorriso sereno
Do meu lado, aceno
Recebo cadeira, chá e uma suave mão
Sento, ouço, imagino, em dar atenção, peno
Diz você, como fomos bobos
Tomando cada ruído como caça, lobos
À mesa, palavras pretensiosas em jogo
Falar sem ar, em cinza, com receio, cromófobos
Ponho mel no chá
Olhos nos seus olhos, vontade de bocejar
Você está certa, erramos bobos, apenas bobos
E bobos ainda somos, por bobas lembranças cortejar
- Augusto Moraes
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